quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Lançamento da Base WAS - Socorro/SP

Neste ultimo sábado ocorreu o lançamento da primeira Base do World Adventure Society (WAS) em Socorro/SP e fui convidado à ministrar uma oficina aos participantes do evento, juntamente com o cicloturista Arthur Simões e o fotografo Daniel Rosa.
Oficina Cordas e Nós - Escalada - Lançamento Base WAS
Oficina Cordas e Nós: Apresentação no lançamento da Base WAS
A WAS é uma associação internacional sem fins lucrativos, com sede no Brasil e que reúne aventureiros e bases de aventura pelo mundo todo. Seu lançamento oficial foi no dia 12 de outubro, durante a Adventure Sports Fair, onde também ministrei essa oficina representando a CBME e FEMESP, que são, respectivamente, a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada e a Federação de Montanhismo e Escalada do Estado de São Paulo.
Oficina Cordas e Nós - Escalada - Lançamento Base WAS
Apresentação do lançamento da Base WAS em Socorro/SP
Presente em mais de 30 países, a WAS tem como objetivo promover o estilo de vida aventureiro e contribuir para a imagem da atividade física na natureza como uma das ferramentas para a melhoria da qualidade de vida e do bem estar.

Oficina Cordas e Nós - Escalada - Lançamento Base WAS
Agitação: Apresentação no lançamento da Base WAS
Estou muito feliz por poder colaborar com o desenvolvimento do Montanhismo brasileiro do esporte de aventura em nosso país!!!
Agradecemos a Milennium Solução com Drones nas pessoas de Andrea Custodio e Bernardo pelas belas imagens.

Oficina Cordas e Nós - Escalada - Lançamento Base WAS
Pedra da Bela Vista: Base WAS em Socorro/SP - Pôr do Sol incrível

Oficina Cordas e Nós - Escalada - Lançamento Base WAS
Pedra da Bela Vista: Base WAS em Socorro/SP

Oficina Cordas e Nós - Escalada - Lançamento Base WAS
Pedra da Bela Vista - Socorro/SP - Alunos do Curso de Escalada

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Palestrando na Adventure Sport Fair 2016

Palestrando na Adventure Sport Fair 2016
Membros da FEMESP na ASF 2016
A Adventure Sport Fair #ASF2016 é a maior feira de esportes de aventura da América Latina e nesta ultima edição (esta foi a 17ª edição) tive o prazer de representar a #CBME e #FEMESP em uma Oficina sobre Cordas e Nós.


Palestrando na Adventure Sport Fair 2016
Palestrando na ASF 2016
Eu havia visto um e-mail na lista da FEMESP pedindo a ajuda de voluntários para ministrar uma Oficina na ASF2016. Como eu tinha disponibilidade e já estava me programando para ir à feira respondi ao e-mail me voluntariando. Confesso que achei que não seria chamado, pois estou em Campinas/SP e as reuniões da Femesp são realizadas na capital paulista. Foi uma feliz surpresa quando recebi um e-mail do Daniel Zacharias me incluindo na lista dos voluntários.

Fiquei muito honrado pela confiança destas duas instituições em me conceder a oportunidade de compartilhar dos conhecimentos em Montanhismo e Escalada. São anos de dedicação para o desenvolvimento do Montanhismo em nosso país, buscando transmitir aquilo de melhor que aprendi durante os 20 anos de montanhismo.

Através dos Consultores de Aventuras - Montanhismo e Turismo de Aventura venho ministrando cursos de escalada em rocha, cursos de rapel e técnicas verticais e conduzindo pessoas em escaladas nos mais variados locais do Brasil há 15 anos e, espero que essa apresentação na ASF 2016 seja uma primeira de muitas parcerias para apoiar a CBME e a FEMESP no fortalecimento das atividades de montanha em nosso país.


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#Caventuras #Montanhismo #Escalada #Rapel# CursodeEscalada #SouHARD #GoHARD #HARDADVENTURE

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Escalada como Esporte Olímpico, Temos mesmo o que comemorar?

Escaladores de todo o mundo comemoraram a divulgação de que a Escalada Esportiva passou a ser considerada um esporte Olímpico e já vai ser disputada nas Olimpíadas de Tokyo em 2020 . Aqui no Brasil não foi diferente, todas as mídias especializadas em escalada e atividades outdoors deram enfase no assunto, viralizando nas redes sociais. Até o Globo Esporte do canal G1 noticiou esse grande fato.

Campeonato de escalada esportiva, estilo boulder.

Realmente é algo desejado há muitos anos pelos atletas da escalada esportiva, muitos se dedicam para o esporte, tem patrocínios e isso poderá impulsionar essas marcas com o estimulo a entrada de novos atletas, gerando trabalho e renda desde fabricantes até academias e ginásios de escalada. Talvez veremos o surgimento de mais preparadores físicos para a escalada esportiva. Tudo isso é muito bom.



Mas temos mesmo o que comemorar?... Vamos ver?

Em junho passado também foi noticia nos meios de comunicação outdoor e escalada do Brasil o fechamento da Pedra da Divisa em São Bento do Sapucaí, um dos principais points de escalada esportiva do país. Segundo informações e relatos da comunidade local, nós, escaladores, não estávamos respeitando as regras de acesso do local. E foi por não respeitar uma regra básica (não acender cigarros) fez com que o senhor José Dimas proibisse o acesso ao local. Veja o vídeo com a declaração do Sr. José Dimas:



Ainda em junho, colegas escaladores publicaram nas redes sociais uma série de imagens feitas durante uma escalada do Pico das Agulhas Negras no Parque Nacional do Itatiaia. As imagens (aterrorizantes) mostravam o total despreparo dos guias e condutores que nesta época levam centenas de pessoas montanha acima, sem ao menos sequer saber dar um nó em uma corda. Se este guia (alguns registrados no parque) com todo seu "preparo" está subindo nossas montanhas, imagine quais os valores que ele está transferindo para seus clientes: Respeito, Ética, Responsabilidade, Cuidados com o Meio Ambiente, etc, será que esses grupos tomaram ciência do que é isso?

Incêndio criminoso: Pico dos Marins arde em chamas.
Para não me estender muito, no dia 30 de julho o Pico do Marins ardeu em chamas por inconsequência de um pseudo montanhista de um grupo que disparou um sinalizador na montanha, causando uma devastação monstruosa para aquele habitat. Quilômetros de uma vegetação frágil queimou, sem contar toda a fauna que pode ter sido comprometida. É sabido que este grupo estava sendo conduzido por um pseudo "guia" que, como no Itatiaia, não tem preparo nenhum sequer para levar o cachorro para passear na rua, quem dirá levar uma pessoa até o cume de uma montanha.

Pico dos Marins após incêndio.
Infelizmente falta uma base concisa na formação dos escaladores e montanhistas em nosso país e fatos como os que relatei acima ainda vão ser vistos com frequência em nossas montanhas e points de escalada. Estes foram apenas 3 exemplos disso, mas em nosso país há muitos outros.

Então, eu novamente pergunto: Realmente temos o que comemorar?




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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Vivência Outdoor, um evento para trocar experiências


O Vivência Outdoor ocorreu nos dias 09 e 10 de julho no Camping Valle das Águas em Socorro/SP e foi um evento voltado para os amantes das atividades ao ar livre, como trekkings, campismo, cicloturismo e, também escalada.

O evento foi muito dinâmico com palestras e oficinas variadas, como: apresentação de equipamentos, mínimo impacto, viagem de bike e, técnicas básicas de escalada. Sim, mesmo depois de ver que parecia tudo já definido, encaminhei um e-mail para a organização do evento e me ofereci para ministrar uma oficina que falava de escalada, daí surgiu a Oficina de Técnicas Básicas de Escalada para Trekking.

Os Protagonistas do evento: Os Participantes e Organizadores
Foto: Elias Maio

Depois de uma análise da organização do evento, fui aceito para fazer parte de um seleto time de especialista do segmento outdoor. São pessoas que doam parte do seu tempo para disponibilizar informações para aqueles que estão iniciando, mas também muitas dicas interessantes para aqueles que já estão na ativa a mais tempo.

Oficina de Técnicas Básicas de Escalada para Trekking
Foto: Suzi Mendes

Meu objetivo não era tornar ninguém apto a escalar um Dedo de Deus, como o tempo era pouco eu precisava pelo menos tocar aquelas pessoas da importância de algumas técnicas. Meu objetivo foi mostrar para os participantes, que em alguns trekkings há obstáculos maiores para transpor, como é o caso do "lance do cavalinho" na Pedra do Sino na Serra dos Órgãos, um trecho difícil para os menos experientes e muito exposto a uma queda. Nesses locais uma simples corda pode garantir uma movimentação segura para os trekkers.

Oficina de Técnicas Básicas de Escalada para Trekking
Foto: Suzi Mendes

Desta forma, pude oferecer apenas uma conscientização dos riscos e apresentar alguns equipamentos, nós e técnicas para fazer a segurança. Na oficina pude demostrar para os participantes do Vivência Outdoor quatro tipos de nós simples de usar, bem como tirar algumas dúvidas que algumas pessoas já possuíam, corrigindo assim, alguns conceitos errôneos que surgem quando uma pessoa não fez por exemplo um Curso Básico de Escalada em Rocha.

Técnicas de Mínimo Impacto - Foto: Elias Maio

Para quem não participou do Vivência Outdoor terá uma segunda chance, o pessoal da organização já avisou que teremos uma segunda edição no ano que vem, com outros assuntos a respeito de trekking, ciclismo, equipamentos e, quem sabe, uma Oficina de Nós com um pouco mais de tempo, onde as pessoas poderão aprender melhor como usar essa "ferramenta" de segurança tão importantes na escalada. 

Já estou na torcida pelo convite e seu eu fosse você não ficaria fora desse evento de forma alguma!

Técnicas de Mínimo Impacto - Como fazer cocô no mato?
Foto: Elias Maio

Noite incrível em Socorro/SP
Foto: Mario Nery

O Olhar de Elias Maio
Evandro A. Duarte veste HARD ADVENTURE, fabricante de roupas técnicas para praticantes de atividades ao ar livre.

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terça-feira, 12 de julho de 2016

Reforma na via ferrata do Dedo de Deus em andamento



Enquanto surgem novos relatos de "escaladores" desrespeitando pequenas regras locais em points de escalada na região de São Bento do Sapucaí/SP, a notícia abaixo divulgada no site da Femerj é para deixar toda a comunidade montanhista feliz. A recuperação da via ferrata no Dedo de Deus é um grande trabalho realizado por voluntários que lutam para desenvolver o montanhismo de forma sustentada em nosso país. Vamos a boa notícia:

"Estão em andamento os trabalhos de reforma da via ferrata do Dedo de Deus. Os trechos que foram vandalizados em janeiro, com a retirada de aproximadamente 70 metros de cabo, e alguns trechos críticos foram os primeiros a serem trabalhados. Nos trechos críticos, alguns cabos em estado comprometedor foram retirados, enquanto que os trechos vandalizados estão sendo reequipados de acordo com as definições estabelecidas pela comunidade no Encontro sobre Via Ferrata: Cabo de Aços do Dedo de Deus, realizado em 19/03/2016 no auditório do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

Com esta reforma, a escalada se inicia com um trecho em artificial fixo, seguida por cabo de aço com ancoragens laterais para costura da corda, chegando a um trecho de escalada em livre que percorre uma canaleta em diagonal até a próxima sequência de cabos, também com ancoragens laterais. Reforça-se que a técnica de segurança utilizada para a ascensão deve ser através do uso de corda e costuras, como escalada em livre. A reforma está em estado adiantado, mas ainda são necessários diversos ajustes nesses trechos.
A reforma será realizada por voluntários em toda a extensão dos trajetos de acesso às escaladas do Dedo – via Leste e Teixeira, e Dedinho, e observam as definições do documento FEMERJ Nº DMI-2016/01, sobre as Diretrizes de Mínimo Impacto para o Dedo de Deus. Destaca-se que a reforma ainda está em andamento e ajustes ainda serão realizados em todos os trechos."

Fonte: http://www.femerj.org. 04/07/2016

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Escalada na Pedra do Baú - Quase uma redescoberta

Escalada Pedra do Baú
Pedra do Baú (direita) e Bauzinho (esquerda)
Provocados pelo Desafio das Vias Históricas fomos escalar em São Bento do Sapacaí/SP. Pode parecer estranho, mas já fazia mais de dez anos que eu não escalava a Pedra do Baú, o principal point de escalada do estado de São Paulo e um dos principais destinos de escalada do Brasil.

É tanto tempo sem visitar um local que parecia que tudo era novo. Claro que lembrava de algumas coisas, inclusive o quão expostas eram algumas vias, ou o sentido das trilhas. Por outro lado, deu para ver como foi benéfico para aquele ambiente o controle no acesso gerado pelo Decreto nº 56.613 – 28.12.2010 que a tornou Monumento Natural a Pedra do Baú.

Escalada Pedra do Baú
Vista da estrada de acesso
Hoje quem vai ao complexo pela estrada que dá acesso a Pedra do Bauzinho tem que estacionar o carro na portaria que foi criada a 1400 metros do início das trilhas e pagar uma taxa para acessar (R$ 10,00 por carro). Acho que esse fato mudou bastante a paisagem do local. Antes o que mais se via eram as enormes filas de carros estacionados por toda a estrada, muito lixo por todo lado, as trilhas sempre cheias de gente, sem contar o cume do Baú lotado de turistas que mal sabiam o risco que tinham corrido para chegar lá em cima sem segurança. Ok, ainda encontramos alguns perdidos lá em cima, mas bem menos do que no passado.

Escalada Pedra do Baú
Pedra do Baú vista da estrada de acesso

Talvez este tenha sido o principal motivo de eu ter me afastado da Pedra do Baú. Meu objetivo de escalar uma montanha é poder contempla-la de forma tranquila e aproveitar toda a paz que ela oferece, mas lá no Baú era impossível encontrar essa paz, pois sempre havia muita gente pelas trilhas agindo de forma um tanto quanto desordeira. Essa mudança foi a primeira redescoberta.

Passaporte Desafio
Passaporte
Mas, falando de escalada, fomos estimulados pelo Desafio das Vias Históricas, primeiro porque é uma iniciativa bem legal criada por colegas escaladores e, segundo, porque o abrigo do Eliseu estava com 50% de desconto para quem apresentasse o passaporte do Desafio. É bom lembrar que esse Blog também tem um viés econômico...  ;-)

Começamos pelas vias Normal do Baú (3ºsup 50m) e Cresta (3º IVsup 50m), mas antes disso a Suzi se assustou um pouco com a passagem do Col do Baú. Para quem não conhece, o Col é o trecho de rocha que liga o Baú ao Bauzinho, e é acessado por uma escadinha. Lá em cima é precipício dos dois lados, exigindo bastante cuidado para caminhar, inclusive é recomendado passar encordado.

Escalada Pedra do Baú
Suzi no início da Normal do Baú

De cara já tive uma dificuldade para fazer a saída da Via Normal, aquela canaleta meio chaminé desajeitada, algo que não estou acostumado fazer. Depois de algumas tentativas (um espanco na verdade) consegui subir e depois foi bem tranquilo, um verdadeiro passeio. Rapelamos, fizemos um lanche e em seguida fomos pra Cresta.

Na Cresta não ficamos perdendo muito tempo, na primeira dificuldade que tive na segunda proteção já segurei na costura e mandei pra cima, depois disso foi curtir a escalada. Trouxe a Suzi e sugeri para ela guiar a cordada seguinte, mas ela não topou. Continuamos subindo e tocamos para o cume do Baú.

Escalada Pedra do Baú
Nós no final da Normal do Baú
Para descer, aproveitei para mostrar a Via Ferrata para Suzi, que ainda não conhecia algo parecido. Chegamos no chão com o sol já nos dando um "até logo" e toda a trilha de volta foi feita a noite. Chegamos no carro quebrados. No caminho de volta para o abrigo resolvemos parar na Cantina do Tio Giuseppe para jantar e tivemos uma feliz surpresa. Esse lugar merece um post só para ele, tivemos uma saborosa surpresa.

Escalada Pedra do Baú
Suzi descendo pela Via Ferrata - Face Norte

Escalada Pedra do Baú
Tio Giuseppe: Nhoque "Huuummm", ou que sobrou dele (até esse momento)
No dia seguinte fomos tentar uma outra clássica da região, a via Peter Pan na Pedra da Ana Chata (4º IVsup 120m). Tiramos umas dúvidas com o Eliseu Frechou sobre possíveis abelhas na via e ele disse que poderia haver, mas não sabia ao certo e mandou um recado: "Eu evito entrar com clientes nessa via". Mas, como tínhamos ela como objetivo, seguimos em frente com o plano.

Escalada Pedra do Baú
Nós no cume da Ana Chata. Pedra do Baú ao fundo

Foi legal que mesmo depois de tanto tempo consegui lembrar bem de vários detalhes da trilha de acesso e da via propriamente dita, inclusive daquela primeira proteção bem alta. Quando entrei na via me perguntei: por que não vim com a sapatilha melhor? Com menos aderência nos pés, fui com cuidado até costurar a primeira proteção, depois é tudo bem tranquilo.

Escalada Pedra do Baú
Suzi no final da via Peter Pan
Lá na quarta parada percebi alguns marimbondos voando muito perto de mim, foi quando descobri que ali no platô da parada, em um buraco escondido pelo mato, havia um vespeiro daqueles. Avisei a Suzi para chegar sem fazer barulho e já pedi para ela tocar a quinta enfiada para não ficar ali expostas ao bichos. Eu mesmo fiz uma extensão com fitas para ficar mais longe do buraco.

A Suzi pegou o restante dos equipos e mandou pra cima, passando aquela saída chata com consistência. Ela não viu onde estava a parada e desescalou um trecho até um bom platô, montando uma parada em um bico de pedra e me puxou pra cima. Ali eu vi que ela estava mandando muito bem e dominou aquele trecho de escalada, solucionando o problema de uma parada alternativa com segurança.

Segui por aquela crista final linda, talvez um dos trechos mais legais da escalada, onde você passa de um lado para o outro da pedra, num passeio alucinante, este talvez seja a cereja do bolo naquela via, sem contar com o visual do "Baúzão" durante toda a escalada. Quem não fez tem que ir lá e mandar essa via, é muito legal.

A melhor opção de descida é pela trilha fácil que saí do outro lado da face que escalamos, a face sul. Teria sido uma descida tranquila, mas logo no começo antes da caverninha encontramos duas famílias com as mães gritando de forma estérica com as crianças e quando fui falar que ali não era lugar para aquele tipo de atitude a agressão se voltou para meu lado, inclusive com o marido de uma delas querendo dar uma de "macho alfa", dei as costa e seguimos descendo. Bom, lembra no início do texto o que eu disse sobre turistas? Foi exatamente esse tipo de "turista" que me afastou da Pedra do Baú por muitos anos, até esse momento. Contudo, estou disposto a continuar dando um crédito de confiança para aquele lugar, pois é muito bacana escalar lá.

Escalada Pedra do Baú
Dando um "até breve!"
Saímos de São Bento do Sapucaí na expectativa de voltar o quanto antes e escalar outras vias clássicas em todo o complexo. Quem sabe não encontramos você lá na próxima, ou vamos juntos?

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quarta-feira, 29 de junho de 2016

5 DICAS PARA NÃO ERRAR NO RAPEL

Paula Barbosa num pequeno rapel no Pico das Agulhas Negras/PNI

Depois de quase 20 anos no montanhismo é difícil de contar contas vezes fiz rapel, mas alguns ficaram marcados, como o dia em que escalei com o Marcelo Gonçalves a via CERJ lá no Capacete, em Três Picos. Depois de escalar por 7 horas (pequenos atrasos em umas erradinhas), chegamos à noite no cume do Capacete e um longo rapel estava a nos esperar. Bem, depois de errar a trilha, errar na via, minha preocupação era: Como encontrar o rapel num lugar estranho para mim no meio da noite? O Marcelo, bem tranquilo porque já conhecia, achou de primeira (Ufa!). O pessoal lá no abrigo foi dormir quando viram as luzes começando a descer pela pedra, tudo estava resolvido (para eles, para nós ainda tinha algumas horas para chegar ao calor das barracas).

No Curso de Iniciação a Escalada em Rocha ou Curso de Rapel que ministro, quando vou tratar sobre o Rapel eu costumo chamar a atenção dos alunos para o quão complicado pode ser essa prática tão simples.

Muitos acidentes com rapel ocorrem porque deixamos de prestar atenção nos detalhes. Na escalada, via de regra, os acidentes ocorrem por uma combinação de pequenas causas e, de imediato, a sensação de “dever cumprido” é a primeira delas. Quando chegamos ao final da via, já cansados, com fome, com sede, com dor e com essa “sensação” maravilhosa de dever cumprido, acabamos dando uma “relaxada”. É onde mora o perigo! Além disso, pode estar anoitecendo e você está sem lanterna, ou muito frio e você está só de bermuda, ou uma chuva de verão e seu anorak ficou em casa, enfim, várias coisas para deixar o rapel mais tenso.

Vou dar 5 dicas para você não se dar mal durante o rapel depois de uma longa escalada, algumas eu recomendo tomar como regra. Essas dicas também valem para você que é praticante do rapel ou Canyoning (descida de várias cachoeiras usando rapel), pois são básicas e não custa nada.

1 - Há trilha? Opte por ela!


Em meus cursos de escalada a primeira coisa que peço aos alunos é uma “lição de casa”, uma série de questões que eu envio a eles para responderem no dia do curso. Essas questões na verdade é um pequeno planejamento para a escalada, ou atividade que vai praticar. Costumo dizer que a diversão começa ainda em casa.

No seu planejamento verifique se há a possibilidade de descer por uma trilha para evitar o rapel. Pode até ser que seja mais longa ou demorada, mas é infinitamente mais segura do que ficar mais algumas horas pendurados na parede. Lembre-se, você vai estar cansado, com fome, com sede e com aquela sensação de “dever cumprido” que te relaxa. Além disso, pode estar anoitecendo, sem lanterna, estar frio e chovendo, cenário de terror para quem não está preparado, ou novato nas paredes maiores.

Reduzir o tempo de rapel na parede é uma maneira infalível para reduzir sua exposição aos potenciais erros.

2 - Nó na ponta da corda é regra!


Sempre ficamos sabendo de algum acidente que ocorreu com um escalador por ter escapado da corda durante um rapel.

Nó na ponta - Lebre da margem de segurança!
Se você acha que isso só pode ocorrer quando estamos em escaladas longas, está redondamente enganado. Há pouco tempo atrás houve um acidente em uma via esportiva em que a pessoa não percebeu que uma das pontas da corda não chegou ao chão. Quando a corda passou por sua mão ela despencou direto para o chão, resultando em fraturas nas pernas.

Se tivesse “fechado o sistema” com um nó na ponta da corda, teria interrompido a descida quando o nó tivesse chegado a sua mão. Outra coisa que poderia ter evitado a queda do escalador é ter como prática usar as duas mãos como freio, se uma mão falhar tem a outra. Essa é uma dica bem legal para quem faz rapel em cachoeira, onde o piso é liso e as quedas são frequentes.

Além disso, imagine que você perca a consciência durante o rapel, com um nó nas pontas da corda você não correrá no risco de escapar da corda. Um nó simples como um aselha duplo é o suficiente para que a corda não passe pelo seu freio.

Eu não sei quanto a você, mas eu gosto de uma margem de segurança grande, então quando falo em nó na ponta da corda não estou dizendo nos 10 centímetros finais, ok?!

Tome essa prática como regra, se não lembrar se deu o nó na ponta da corda, recolha a mesma e verifique. Isso pode salvar sua vida!


3 - Faça um back-up com um cordelete


Legal, você deu um nó na ponta da corda e agora está pronto para iniciar o rapel, mas imagine se logo na saída você perde o controle da frenagem, ou fique inconsciente? Sem problemas, tem um nó na ponta da corda e você vai parar nele. Perfeito não? Bem, não sei você, mas eu não gosto de cair 25 ou 30 metros. Pior ainda se for em uma via esportiva, que vou cair até o chão.

Back-p com cordelete (Foto Fmesp)
Para evitar que eu despenque desta forma, eu costumo usar um cordelete como um prussik na corda preso por mosquetão na alça da perna da cadeirinha. Essa laçada vai substituir minhas mãos caso eu perca o controle do rapel, ou fique inconsciente durante o rapel.

Além disso, caso eu precise fazer uma parada durante a descida, posso bloquear usando esse prussik, como por exemplo desenroscar a corda presa em algum ponto, ou prestar socorro a uma vitima, sabe-se lá? (sobre autoresgate clique aqui)


4 - Teste o sistema antes de se soltar


Uma vez fiquei sabendo de um acidente fatal que ocorreu com um escalador que ao iniciar o rapel perdeu o controle e despencou. Claro que ele não usava um back-up com um prussik e tão pouco o nó na ponta da corda, por isso fatal. Mas, não é curioso saber como foi que ele perdeu o controle da frenagem?

Quando estamos em um platô tudo fica mais confortável, inclusive montar o rapel. Bem, depois de passar a corda pelas proteções (jamais passar a corda em uma chapeleta heim) você passa a corda pelo freio e pronto, só descer. Mas veja, quando você está em pé num platô, sempre fica uma folga na corda “facilitando” sua saída do rapel. Se você não recolher essa corda que está sobrando, diminuindo a distância do seu freio com a parede, por um descuido você pode simplesmente cair para trás e perder o controle da frenagem, pois há uma “barriga” na corda.

Então, tome como regra sempre recolher a corda diminuindo a distancia entre você e a parede, ficando “sentado” efetivamente na corda, ao invés de pendurado em sua solteira. Ao fazer isso você vai testar o sistema estando preso à ancoragem pela solteira. Se por uma acaso você prendeu seu freio ao rack da cadeirinha ou na fita do saquinho de magnésio, eles vão se romper com seu peso, mas você ainda vai estar preso pelo autoseguro à ancoragem.

5 – Confira duplamente, faça um BRAKES 

(Adaptado de: JASON D. MARTIN – Climbing Magazine 08/06/2016)


Antes de sair para o rapel, faça uma dupla checagem no sistema todo. Passar em voz alta o sistema de siglas BRAKES desenvolvido por Cyril Shokoples há 10 anos é uma boa idéia. Você vai afirmando cada letra ao tocar a parte do sistema que você está verificando. Também, sempre que possível, confirme com o seu parceiro se cada componente do sistema foi colocado de forma adequada e que vai ser realizado corretamente.

B - Buckles: Verifique as fitas e fivelas em sua cadeirinha. Certifique-se de que elas estejam firmes e que todas as fivelas estão fechadas (vai que você foi ao banheiro quando chegou ao cume);
R - Rappel Device / Cordas: Verifique se o mosquetão preso ao seu freio está travado, se passou as cordas corretamente pelo freio (sim, já vi acontecer de passar apenas pelo mosquetão) e se a corda está passada pelas ancoragens de forma correta.
A - Ancoragem: Confirme que a ancoragem é resistente. Se é uma árvore, verifique se ele está viva, é grande o suficiente para sustentar o seu peso e que tem uma boa base de raiz. Se é uma pedra, garanta que ela não vai se mover. Se o rapel for em grampos ou chapeletas, confirmar que eles são a prova de bomba. Verifique duas vezes se qualquer fita está muito desbotada e se correntes, argolas, malhas rápidas não estão danificados.
K – Knots/Nós: Confira todos os nós no sistema. Certifique-se de que os nós que unem as duas cordas em um rapel com corda dupla estão corretamente efetuados e com chicotes suficientes. Aqui cabe a recomendação da UIAA para usar o aselha para unir cordas, deixando um bom chicote.
E – End: Confirme se as extremidades de suas cordas chegaram ao chão, ou que alcançaram a próxima ancoragem. Não se esqueça dos nós nas pontas da corda, é regra!
S - Segurança com back-up/ bordas afiadas: Use um back-up com um prussik e certifique-se de que você não está fazendo rapel sobre uma borda afiada que pode cortar sua corda.
Por ultimo, se alguma coisa aqui soou estranha para você, ou ficou com dúvida em algum ponto, em meus Cursos eu abordo no detalhe cada item dessas dicas.





terça-feira, 14 de junho de 2016

Cariocas da gema direto para Curso de Rapel em Campinas/SP

Talita Costa em seu primeiro Rapel
Nesse ultimo final de semana aconteceu algo muito legal para mim e quero contar para vocês. Tive o prazer de receber em meu Curso de Rapel duas Cariocas da Gema, que viajaram mais de 5 horas para vir em Campinas aprender sobre Técnicas Verticais.

Minha alegria se dá por que o Rio de Janeiro é uma referência em atividades de montanhismo e escalada. De certa forma, foi lá que surgiu o montanhismo e a conquista do Dedo de Deus, em 1912, é considerado o marco inicial do montanhismo no Brasil.
Rachel Ingrid na primeira descida

Elas vieram de longe porque reconheceram em mim competências técnicas que lhes deram segurança para aprender como praticar com segurança o Rapel e Técnicas Verticais e isso me deixou muito lisonjeado.

Em todos os cursos que ministro, seja ele de Rapel ou um Curso de Iniciação a Escalada, também tenho meu aprendizado, e neste não foi diferente. Temos que ficar atentos as formas como as pessoas estão recebendo a informação e reagindo, procurando mudar o método quando o resultado desejado não está sendo atingido da forma planejada.

Essas meninas deram uma lição de perseverança ao vir para o interior de São Paulo fazer um Curso de Rapel, pois não é fácil viajar quase a noite toda, vivenciar experiências novas e vencer os medos para entregar a sua segurança a um estranho. Por isso resolvi contar essa história para vocês, para expressar meu respeito e minha gratidão por elas e por todos os meus alunos, que me engrandecem a cada dia. .

Para finalizar, aproveito para compartilhar aqui os comentários delas no Facebook. Acho que eu consegui atingir um pouco as expectativas das cariocas. :

Aonde um nó feio, portanto incerto, pode acabar com a sua vida. Em contrapartida, quando executado de forma precisa, te proporciona momentos incontestáveis de prazer, reflexão e sabedoria.
Gratidão...(Talita Costa – Rio de Janeiro/RJ)
Raquel na parada e Highline ao fundo

Sabe, às vezes nos chateamos quando as coisas não dão certo na nossa vida e murmuramos. Então o tempo passa e percebemos que Deus tinha preparado algo muito especial lá na frente. É quando olhamos pra trás e agradecemos as cabeçadas.
Assim está sendo a minha história.
Um grande amigo me iniciou no Rapel por volta de 2009 mas a rotina me afastou das cordas até que depois de um período de sobrecarga de trabalho resolvi mudar hábitos e aumentar o meu contato com a natureza. Bati cabeça e não consegui ninguém pra retomar efetivamente o Rapel quando papai do céu colocou o Evandro Duarte no meu caminho. Muito feliz em conhecer um profissional tão comprometido que acima de tudo preza a segurança. Foi uma honra de verdade fazer esse curso.
Parabéns!!!
Suzi Mendes Moraes obrigada pela ajuda, parceria e apoio. Vocês são uns lindos!” (Rachel Ingrid – Rio de Janeiro/RJ)

Se interessou pelo Curso de Rapel em Campinas? Garanta sua vaga na próxima turma clicando aqui!


quarta-feira, 1 de junho de 2016

Desafio das Vias Históricas - Grupo Colaborativo no Whatsapp

Logomarca do Projeto
Para quem é escalador, foi lançado hoje o Desafio das Vias Históricas, que nada mais é do que uma imersão à História do Montanhismo Brasileiro. Trata-se de um projeto independente e sem fins lucrativos, criado por amigos de escalada a fim de resgatar um pouco da história do montanhismo nacional, desafiando a comunidade de escaladores a percorrerem os caminhos trilhados por conquistadores do passado. O desafio vai durar até o dia 30/11/2016, data final para você enviar as informações de suas escaladas. A apuração dos pontos será feita na primeira semana de Dezembro de 2016, com resultado divulgado em 10/12/2016.



Nessa primeira edição serão 39 vias clássicas distribuídas pelos estados de Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro que os escaladores poderão completar e registrar em seu “passaporte”. Sim, ao se inscrever no desafio você receberá um passaporte contendo as vias selecionadas com suas respectivas pontuações. Eu andei dando uma olhada e vi que tem vias para todos os gostos e, diga-se de passagem, só filé. A escolha das vias foi feita por escaladores colaboradores com grande conhecimento em cada estado.

Lista das vias de São Paulo
Para participar você deve entrar no site www.desafioviashistoricas.com.br fazer sua inscrição e aguardar chegar seu passaporte para imprimir e montar. Depois é só planejar e tocar pra cima. No site tem as regras do desafio, um pouco da história do montanhismo brasileiro e o mapa das vias. Quando você escalar uma via do desafio, você deve tirar uma foto no local com o passaporte e depois encaminhar para a organização do evento juntamente com o relatório da via (lá no site tem o modelo).

Claro que eu não pretendo ficar de fora dessa brincadeira, mesmo porque o grande objetivo do Desafio das Vias Históricas é de divulgar o montanhismo nacional e fazer com que novos escaladores conheçam (e sintam) um pouco mais dessa história tão rica.

Mas, uma recomendação que eu faço aqui é que defina com seu parceiro aquelas vias que vocês realmente estejam aptos para escalar. Por que eu digo isso? Bem, a pontuação das vias é dada levando-se em consideração as seguintes características: grau médio, grau máximo, comprimento e presença de escalada em artificial. O valor total da pontuação da via é a soma dos pontos parciais de cada uma dessas características. Então, como há vias que tem grau de exposição alto, ou que tenha passagens em artificial, é bom você e seus parceiros terem conhecimento dessas características para não entrarem em roubadas.

Eu já fiz uma lista das clássicas que desejo escalar. Digo desejo, porque pode haver problemas no percurso e temos que mudar o plano. E posso dizer que fiz escolhas bem interessantes, dá uma sacada na lista: 

Agulha do Diabo - Parnaso/RJ
  • Dedo de Deus – Via Leste (PARNASO/RJ);
  • Agulha do Diabo – Via Normal (PARNASO/RJ);
  • Capacete – Via Cerj (Três Picos/RJ);
  • Pico Maior – Via Leste (Três Picos/RJ);
  • Prateleiras – Via Chaminé Idalicio (PNI/RJ);
  • Pico das Agulhas Negras – Via Longitudinal (PNI/RJ);
  • Pedra do Baú – Vias Normal, Cresta e Teto do Baú (São Bento do Sapucaí/SP);
  • Pedra da Ana Chata – Vias Peter Pan, Lixeiros (se não tiver marimbondo!) e Elektra (São Bento do Sapucaí/SP);
  • Pico do Marumbi – Vias Fendas Principal, Enferrujados e Maria Buana (Morretes/PR)


É uma lista incrível e um tanto pretenciosa talvez, mas o objetivo é se divertir e fazer parte dessa história mágica, escritas nestas paredes gigantescas. Posso dizer como um amante do montanhismo, que chegar ao cume do Dedo de Deus e se deparar com os grampos desta que foi considerada uma das maiores conquistas e dada como marco do início do montanhismo em 1912, é algo emocionante. Espero que você também possa viver essa emoção.

Inclusive, para que mais pessoas possam ter essa chance, quero fazer um convite. Estamos eu e Suzi Mendes, fazendo um planejamento para poder completar a lista acima (quem sabe algo mais). Por isso, se você tiver alguma dúvida, ou alguma sugestão para dar vamos fazer esse intercâmbio de informações, estamos à disposição para colaborar com o que for possível. E este talvez seja o principal interesse do desafio, proporcionar o intercâmbio entre os escaladores nas diversas regiões do país.

Três Picos ao Fundo - Nova Friburgo/RJ
É isso aí, vai lá fazer sua inscrição e convida os amigos para participar e bora fazer parte dessa grande história chamada Montanhismo Brasileiro.

Conforme formos acrescentando vias em nossos passaportes vou contando aqui no Blog Evandro Duarte – Montanhista como foi cada escalada e dando uns betas para vocês que queiram tentar as vias que fizermos. Além disso, estou criando um grupo colaborativo no Whatsapp, para que as pessoas possam combinar viagens e dividir custos com gasolina, pedágio, estadia, aspirações, dores, mentiras e tals. Caso você queira fazer parte dessa trupe, envie seu celular para meu email: evandro@caventuras.com.br.


Boas escaladas!